Outlook do Mercado Americano - Cautela

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"It's all about earnings."
Essa frase resume de verdade o mercado americano. Ao contrário de mercados emergentes como o nosso Ibovespa, que sofrem sempre com questões relativas a estabilidade monetária, problemas fiscais etc., o mercado americano é controlado principalmente pelos lucros das empresas. Se os lucros sobem, e tem perspectiva de continuar a subir, a bolsa sobe. Um ponto importante é que a bolsa é um leading indicator, isto é, tende a se antecipar aos resultados divulgados então nem sempre é possível prever queda dos earnings antes da queda da bolsa.

No momento, a bolsa está sobrevalorizada historicamente como podemos ver no preço/lucro. O P/E do mercado americano só esteve em patamares maiores na bolha do Dot Com. Apesar das top empresas americanas listadas na bolsa estarem com lucro nas máximas (curva verde) se excluirmos as chamadas magnificent seven podemos ver que os lucros das top empresas da bolsa americana nunca superou a máxima de 2022 (curva roxo escuro).

Isso acabou se refletindo no desempenho dos índices. Por exemplo Nasdaq e S&P500 desempenharam muito bem enquanto indices de midcaps e smallcaps como o S&P400 e o Russel 2000 (RUT) mal consiguiram superar as máximas de 2022. Isso novamente confirma que a bolsa americana é muito controlada pelos lucros das empresas.

O que esperar daqui por diante?
A favor da bolsa temos a queda dos juros americanos pelo FED que cria a expectativa de que os lucros voltem a crescer sem o peso do interest on debt. Na minhas estimativas, isso pode fazer os lucros subirem até 10% dos patamares atuais a depender de quanto o FED estará disposto a cortar juros. A gestão Trump também promete queda de impostos e afrouxamento de regulações, o que pode ter um impacto positivo nos lucros ainda em 2025.

Contra a bolsa temos uma possível desaceleração da economia que é sugerida pela queda da inflação, quase na meta, e no mercado de trabalho voltando para o ritmo pré pandemia. Os mecanismos de injeção de liquidez do FED (Reverse Repo, BTFP e a conta do tesouro mericano, também estão depletados o que pode pesar contra o desempenho de um mercado financeiro já bastante esticado.

Um FED politizado
Acredito que a nova gestão Trump possa sofrer com uma "shadow opposition",uma oposição vinda do deep state, democrata e republicano, que não querem ver o sucesso do segundo mandato de um presidente que se apresenta como um outsider ainda que isso não seja totalmente verdade. Um novo fator de risco surgiu com a mudança de discurso do FED. Jerome Powell adotou um tom mais hawkish no último FOMC de 2025, o que representou uma mudança muito clara de postura, conicidentemente após a eleição americana. Nesse dia vimos o VIX disparar 75%.

Conclusão
Acredito que temos sinais bem contraditórios no momento o que torna o trabalho de tentar antecipar 2025 difícil. Os juros altos não causaram a recessão que muitos esperavam (incluindo a mim) mas agora que estamos no sentido contrário do ciclo de juros o impacto positivo deve fazer alguma diferença.

Não vejo mais aqueles riscos sistêmicos antigos aqui. O crash no mercado de Bonds foi sanado pelo FED com a invenção do BTFP (quem não lembra dos 300 bilhões de dólares em um semana) que salvou os bancos que estavam nadando nus. A possível recessão causada por juros altos passou muito longe de acontecer. No entanto um novo problema que pode surgir é a ação política do FED que pode voltar a retirar liquidez do mercado.

A postura mais correta aqui é a cautela. Monitorar a bolsa (que fatalmente será o principal leading indicator) acompanhar de perto os resultados das empresas em especiald das Mag 7 que são a locomotiva deste mercado. Se as questões políticas não impactarem os lucros, eu não me preocupo com elas.

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